Policia Federal indicia Jair Bolsonaro e Eduardo em inquérito sobre sanções dos Estados Unidos; veja detalhes

• 21/08/2025
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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL), foram indiciados na última quarta-feira (20) pela Polícia Federal (PF) por suspeita de coação no curso do processo que investiga a tentativa de golpe de Estado. No documento, a PF aponta indícios de que pai e filho agiram junto ao governo dos Estados Unidos para coagir os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) a suspender a ação penal no qual Jair Bolsonaro é réu.

No documento é apontado que ambos atuaram para que o Brasil fosse alvo de sanções impostas pelo governo dos Estados Unidos, como é o caso do tarifaço de 50% contra importações de produtos do país, da investigação comercial contra o Pix e sanções financeiras contra o Ministro Alexandre de Moraes — relator do caso — na Lei Magnitsky.

O processo é resultado da abertura de uma investigação aberta em maio, à pedido do procurador-geral da República, Paulo Gonet, para averiguar a suposta atuação de Eduardo na incitação das sanções. Em março deste ano, o deputado se licenciou para morar nos Estados Unidos e, em vídeo publicado nas redes sociais, afirmou que o motivo da ida era perseguição política.

“Com base nos elementos probatórios apresentados neste relatório, conclui-se que Eduardo Nantes Bolsonaro e Jair Messias Bolsonaro, com a participação de Paulo Figueiredo e Silas Lima Malafaia, encontram-se associados ao mesmo contexto, praticando condutas com objetivo de interferir no curso da Ação Penal n. 2668 - STF, processo no qual o segundo nominado consta formalmente como réu”, diz trecho do documento.

O relatório foi feito com base em mensagens recuperadas do celular do ex-presidente pelas autoridades. Entre os documentos encontrados estão a minuta de um pedido de asilo político a Javier Milei, presidente da Argentina.

Foto: Reprodução / Relatório da Polícia Federal.

"Os elementos informativos encontrados indicam, portanto, que o ex-presidente JAIR BOLSONARO tinha em sua posse documento que viabilizaria sua evasão do Brasil em direção à República Argentina, notadamente após a deflagração de investigação pela Polícia Federal com a identificação de materialidade e autoridade delitiva quanto aos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito por organização criminosa", aponta outro trecho do relatório.

Destaca-se que Bolsonaro já está cumprindo prisão domiciliar por descumprimento de medidas cautelares referentes à investigação do caso das sanções. Na decisão, proferida no início de agosto, o ministro Alexandre de Moraes apontou que Jair usou perfis de aliados, incluindo os de seus três filhos parlamentares, para veicular mensagens que incentivam ataques ao STF e apoiam intervenção estrangeira no Judiciário brasileiro.

Acesse o relatório completo clicando aqui.

O que é o indiciamento?

O indiciamento é a fase final do inquérito aberto, e apenas indica que a Polícia Federal viu fatos suficientes, através do recolhimento de provas, que ambos atuaram para interferir no andamento do processo sobre o golpe de Estado, que será julgado a partir de setembro.

Ou seja, eles não são réus neste caso. O relatório da PF foi enviado ao relator do caso, Alexandre de Moraes, que encaminhou o documento à PGR. A partir disso, a Procuradoria Geral da República pode solicitar mais apurações, realizar a denúncia ou arquivar o caso. O prazo para o órgão se manifestar é de 15 dias.

No despacho proferido no âmbito do Inquérito (INQ) 4995, o ministro também determinou que a defesa do ex-presidente preste esclarecimentos, no prazo de 48 horas, sobre o descumprimento de medidas cautelares, a reiteração de condutas ilícitas e a existência de risco de fuga.